Copa de 1982

Copa de 1982
Lembranças da Copa do Mundo de 1982: veja o artigo que escrevi sobre o melhor mundial de todos os tempos

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Futebol de Botão e os 11 Maiores Camisas 10

Botões para Sempre traz um excelente texto do livro: "Os 11 Maiores Camisas 10 do Futebol Brasileiro" e sua relação com o nosso amado Futebol de Botão, na visão do jornalista Marcelo Barreto 
O jornalista esportivo Marcelo Barreto conta no livro "Os 11 Maiores Camisas 10 do Futebol Brasileiro" que, no futebol de botão, "o camisa 10 era a tampinha de relógio ou o galalite que melhor conseguia encobrir o goleiro com a bolinha". Mais do que um número, carregar o 10 na camisa, principalmente na seleção brasileira, é uma posição de destaque. Para o autor, os maiores camisas 10 do futebol brasileiro são: Zizinho, Pelé, Ademir da Guia, Rivellino, Dirceu Lopes, Zico, Raí, Neto, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. O mineiro Marcelo Barreto trabalhou no "Globo" e no "Lance!", dirigiu o "Lancenet!" e lançou a revista "Lance!A+". Foi editor-chefe do Portal do Esporte e editor de texto e repórter de esportes da TV Globo. Criou e chefiou o núcleo de produção do SporTV. Já cobriu Olimpíadas, Copa do Mundo e Copas das Confederações. Em "Os 11 Maiores Camisas 10 do Futebol Brasileiro", Barreto relata as maravilhas que onze craques fizeram com a camisa 10. Abaixo, leia trecho do livro.
"Nos meus times de futebol de botão, o camisa 10 era a tampinha de relógio ou o galalite que melhor conseguia encobrir o goleiro com a bolinha. Naquele tempo, os anos 1970, o Brasil vivia o auge do 4-3-3, e o meio de campo de qualquer time - real ou de botão - tinha cabeça de área, meia-direita e meia-esquerda: 5, 8 e 10. O mais avançado, com dois dígitos às costas, era invariavelmente o mais técnico, e muitas vezes exercia também uma função de liderança. Era o ponta de lança, o craque, o dono do time, o herdeiro da camisa de Pelé. Mas os anos passaram, o futebol mudou E a tarefa de escalar uma seleção histórica de camisas 10 tornou-se tão difícil quanto prazerosa. Na Apresentação de Os 11 maiores técnicos do futebol brasileiro, o livro que abriu esta coleção, Maurício Noriega escreveu: "Atacante bom é aquele que faz gol. Goleiro bom é aquele que evita gol. E técnico bom, quem é?" A criteriosa lista que se seguiu a esse bem sacado primeiro parágrafo não escapou da corneta de torcedores e jornalistas - e este livro está longe de ter tal pretensão. Mas o Nori tinha uma vantagem: o técnico, bom ou ruim, é aquele lá na beira do campo. E o camisa 10, nesse futebol que foi do WM às duas linhas de quatro, passando por 4-2-4, 4-3-3, 4-4-2, 3-5-2. Onde está? Para explicar o que é um camisa 10 talvez seja melhor começar falando sobre quem não é. Mas antes, um lembrete importante: usar o número às costas não é critério para ser escalado ou cortado da nossa seleção. Roberto Dinamite, por exemplo, durante muito tempo foi o 10 do Vasco. Mas era centroavante. Camisa 10, neste livro, não é numeração, é função. Um grande armador não é necessariamente um camisa 10. Craques como Didi e Gérson conduziam o jogo no meio de campo, mas a tarefa deles começava lá atrás. Não eram volantes como os de hoje - embora Didi, ao lado de Zito na seleção de 58, e Gérson, com Carlos Roberto no Botafogo e Carlinhos no Flamengo, formassem linhas de apenas dois jogadores à frente da zaga, em tempos menos defensivos do futebol. Mas serviam os atacantes com passes longos, sem ter a obrigação de se apresentar para dialogar com eles. Estilo nunca lhes faltou - assim como a Falcão, que chegava muito ao ataque, só que partindo de uma função defensiva. Contudo, no meu time de botão, todos seriam 5 ou 8. Houve outros meias mais avançados, que até bateram na trave na hora da escolha. Sócrates, Juninho Pernambucano, jogadores de criação, com talento para chutar a gol. Mas ainda não era o suficiente. Ocupavam uma faixa de terreno um pouquinho mais distante da área. Podiam até ter a função de ditar o ritmo do time, ser aquele cara pelo qual todas as bolas passam. Mas o camisa 10 precisa jogar mais próximo dos atacantes, às vezes até finalizar como eles. No meu time de botão, esses seriam 8. Mas e aqueles jogadores que atuam pertinho do ataque, sem responsabilidade de marcar, com liberdade para criar e chutar a gol? Jairzinho, Paulo César Caju, Edmundo, Bebeto Esses, na minha avaliação, passaram um pouco do ponto. Quase incluí Ronaldinho Gaúcho nessa lista, mas em sua fase mais brilhante - que infelizmente não durou o que poderia -, ele jogou de 10, embora vestisse a 11. E seria a 11, ou a 7, que eu daria aos outros craques deste parágrafo. Finalmente, há alguns que eram legítimos camisas 10 e não entraram neste livro. Cito seus nomes aqui não para me defender da corneta, mas porque realmente doeu não ter encontrado espaço para eles. Zenon, Dicá, Pita, Mendonça. Todos brilharam no tempo em que eu armava meus times de botão com um craque na meia-esquerda e sonhava ser como eles nos campinhos de pelada de Bicas. Outros, como Dida, eu não vi jogar, mas ninguém é ídolo do Zico à toa. Talvez o seu camisa 10 tenha ficado fora destas e das próximas páginas. Mas espero que a seleção que montei, submetida aos palpites dos amigos e aos conselhos dos editores, consiga traçar o retrato mais fiel possível de uma posição que, para mim, é a cara do futebol brasileiro."

Um comentário:

  1. Ricardo, camisa 10 hoje é artigo de luxo. E registro a sacanagem do mundo do futebol em não dar espaço que Zico gostaria para mostrar suas ideias para a Fifa.

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